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quarta-feira, 16 de março de 2011

O POETA CASTRO ALVES E SEU RASTRO

Cintia Portugal



“Eu sou como uma garça triste,/ Que mora à beira do rio,/ As orvalhadas da noite,/ Me fazem tremer de frio.” Para expressar o desejo de liberdade, o poeta Castro Alves valeu-se das associações com os elementos da natureza, como observamos no trecho do poema “Tragédia no lar”.

Em Feira de Santana, “Sinhazinha do Sertão”, durante o mesmo período, partilhou com o poeta o sonho de liberdade, assim publica “O PROGRESSO”, em 22 de setembro de 1882 no periódico da cidade: [...] “Liberdade respiram as aves volitando ledas no espaço / Não goza ainda de liberdade o pobre cativo; miserável, subjugado ao látego do inexorável senhor” (Cortês Júnior). A imprensa procurou enfatizar o valor da liberdade mostrava que o homem sofria as dores da escravidão, e as aves por voarem alto simbolizavam os ideais libertários.

Tão ao gosto da estética romântica, o “poeta dos escravos” se expressa no canto soluçante de uma escrava, quando esta contrasta sua condição com a natureza: [...] “Me fazem tremer de frio/ Como junco da lagoa;/ feliz da araponga errante/ Que é livre, que livre voa.”.

Antonio Frederico de Castro Alves nasceu em 14 de março de 1847 na antiga cidade de Curralinho (atual Castro Alves, BA) e morreu no dia 06 de julho de 1871, aos 24 anos, em Salvador. Poeta apaixonado clamava no meio das multidões, nas ruas, no ir e vir dos passantes em total liberdade. Hoje, Castro Alves denomina uma rua, no centro de Feira de Santana, tendo início na Senador Quintino e o final na Rua Geminiano Costa.

Um dos maiores nomes do romantismo no Brasil, o poeta condoreiro viveu movido pela paixão; cantou a natureza, a mulher e à causa dos escravos. Aos 16 anos iniciou sua paixão pela atriz Portuguesa Eugênia Câmara, em 1866 escreveu o drama Gonzaga ou a Revolução de Minas, feito para Eugênia, e no ano seguinte partiram para Bahia para levá-lo à cena.

Em 1868 foram para o Rio de Janeiro e lá Castro Alves conheceu José de Alencar e Machado de Assis deixando-os impressionados com seu talento. Matriculou-se na Faculdade de Direito em São Paulo deixando o curso em 1868. Abalado pelo rompimento com a amante, entregou-se à caçada; numa delas, feriu o pé, que foi amputado. Tuberculoso, ameaçado de gangrena voltou à Bahia, onde saiu “Espumas Flutuantes “(1870) o único livro que publicou em vida foi imortalizado por obras - primas póstumas como; Os escravos, Vozes e Navio Negreiro que lhe valeram o título de “poetas dos escravos”. Dos românticos da terceira geração, o poeta baiano foi o que mais cultivou o lirismo sensual; suas musas têm uma sensualidade sinuosa e quente, uma voluptuosidade contida em sedas e rendas, em seios níveos que se insinuam por entre a generosidade dos decotes.

Em “Anjos da Meia-Noite”, o poeta baiano mistura em sua lírica a experiência e a inspiração: [...] “ Almas, que um dia no meu peito ardente / Derramaste dos sonhos a semente / Mulheres, que amei! /Anjos louros do céu! / Virgens serenas! / Madonas, Querubins ou Madalenas! / Surgi! Aparecei!”

O eco dos versos de Castro Alves persiste no tempo e no espaço, o poeta amava o infinito e a luz Foi seu último pedido antes de morrer ser levado à janela para contemplação do nascer do sol.

- Observe! A vida de uma rua é um rico poema; desde a primeira janela que se abre ao som das vassouras que dançam na calçada. - E onde estão às placas com trechos dos poemas? - Sim! Isto seria literalmente um passeio poético pela cidade de Feira.

Esse texto, modificado, foi publicado inicialmente no Jornal Folha do Norte (Feira de Santana) em 05 de novembro de 2010.

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