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quarta-feira, 8 de junho de 2011

GUERRA DE ESPUMA



A secular guerra dos sexos vai muito bem, obrigado. Mas em nosso tempo ela nunca foi tão ignorante e ambígua. O confronto ainda povoa os lugares costumeiros das conversas entre amigos, das piadas de mau gosto e agora legitimada nos comerciais de televisão. Como se não bastasse a luta corporal-ideológica entre moças e rapazes há uma nova tendência em transformar uns aos outros em “coisa”. Homens e mulheres literalmente inanimados.

Numa das propagandas da palha de aço Bombril que apresenta as mulheres “evoluídas” e auto-suficientes, a atriz Marisa Orth profere o seguinte discurso: “Pra que serve o homem mesmo? Se precisar abrir um pote eu chamo o vizinho ao lado que é bem mais musculoso!”. Ou seja, as pessoas começaram a ter uma serventia especifica, assim como as colheres, martelos, chaves de fenda e liquidificadores. O homem não só se transformou numa ferramenta quanto obsoleto.    


O fato é que a garota propaganda está vestida de paletó, uma vestimenta notadamente masculina. Será que a evolução da mulher é querer ocupar o lugar do homem e não criar o seu próprio espaço com suas características, personalidade e idiossincrasias?


O comportamento das mulheres “evoluídas” da Bombril nos faz lembrar a Revolução dos Bichos, uma história de cunho fabular do escritor inglês George Orwell em que um grupo de animais de uma fazenda elimina o mando do ser humano sobre eles e chega ao poder. Durante um bom período, os animais conseguem se organizar e prosperar sem qualquer necessidade de auxílio humano. Entretanto, alguns se julgando mais inteligentes que outros resolvem escravizar os seus iguais e a agirem como humanos, a começar por andar em duas patas e depois a fazer negócios com dinheiro.


Em outra chamada, a atriz compara o homem a um cachorro dizendo que “homem solta pelo, faz xixi no chão e eventualmente até baba [...]. Por isso, minha amiga, você que é um ser humano superior e evoluído tem que adestrar o seu homem para que ele se comporte direito [...]. É sabido que a zoofilia – relação de amor sexual entre seres humanos e animais – não é uma relação saudável, mas patológica. E provocações como essas, sustentadas pelas garotas propaganda da Bombril tende a tornar o elo entre as pessoas cada vez menos sentimental e cada vez mais plástico.

A discutida relação de competitividade entre progesterona e testosterona vai muito além de meras posições de privilégios sociais ou no mercado de trabalho. Isso é um assunto demais complexo para ser esgotado em algumas linhas. Entretanto, uma pergunta é certa: até onde a competitividade é apenas competitividade? E até onde ela deve chegar incitando de forma imatura as pessoas à violência, desrespeito, intolerância e perpetuação de preconceitos?


A sociedade representada pelas pessoas, diz caminhar para frente, rumo ao futuro, mas, paradoxalmente, deixa marcas de uma multidão enfurecida em pleno regresso.  

Wellington Gomes de Jesus

Um comentário:

  1. É isso. A estupidez latente foi dicutida de modo polido e inteligente.

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