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terça-feira, 30 de dezembro de 2014

MAIS UMA NOITE DE NATAL

Por Pâmella Araujo da Silva Cintra*


É noite de natal. Sim, mais uma noite de natal. Tudo igual! Nem árvore, nem presentes, nem família reunida. Apenas um frio, não aquele frio por falta de vestes, mas aquele frio por falta de calor humano. Hoje é Natal!

Hoje, todos devem estar reunidos, comendo sem parar, crianças abrindo presentes do Papai Noel. E eu, bem... eu estou aqui assistindo a noite de natal...

Não acredito em Papai Noel, e em nenhum ser fantástico de luz. Eles não existem! Eu pedi a Papai Noel, quando eu ainda acreditava que ele existia, que não me desse presentes caros, não queria carrinhos, nem bicicleta, só queria uma coisa...Tá vendo? Papai Noel não existe! Continuo sem uma família feliz.

Quero que essa noite passe logo. Infelizmente outros natais virão. E, novamente, passarei por essa agonia. Por essa necessidade de na noite de natal ter uma família feliz. Será que todas as famílias são felizes? Vivem em paz o ano todo? Existe mesmo família feliz?

Eu não sei, eu não sei de nada. Talvez eu não saiba de nada mesmo. O que é família? Vazio. É um vazio! Minha família é assim para mim, um eterno vazio dentro de mim. Ainda assim Feliz Natal, família!


* Pâmella Araujo da Silva Cintra é graduanda do 5º semestre do curso de Letras Vernáculas da UEFS.

segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

CHUVA POÉTICA

Por Jessica Mina*


Eu estava encostada na máquina de lavar, pensando em fazer poesia quando, de repente, o céu inteiro se dissipou numa cor acinzentada que parecia entristecer. Na verdade, a poesia já estava feita e começava a cair em minha cabeça. Eu logo me apressei para não deixá-la desperdiçar. Caiam em mim pingos grossos de todos os lados, que eu não sabia onde guardá-los. Era muita poesia, eram versos fortes, donos de uma musicalidade e de uma dança que deixam qualquer sertanejo feliz. Então corri para apará-la com um balde e, em seguida, dei-me conta de que não era suficiente, pois a poesia transbordava, e logo inundaria a minha casa. Vesti-me, pois, de fios daquela poesia cristalina e ajeitei algumas roupas no varal. Feito isso, entrei em casa, fechei a porta e prendi a chuva lá fora.


* Jessica Mina, graduanda em Letras com Inglês 5º semestre na UEFS.

sábado, 20 de dezembro de 2014

ONTEM E HOJE

Por Greice Carla da Costa Cerqueira dos Santos*


Provas quem és tu, tenho eu
Pois quando tu me tinhas, eu era teu.
Hoje nada sou sem ti,
Mas tu nunca foste alguém sem mim.
E neste jogo de quem erámos
E o que hoje somos;
O tempo, então desbotou,
Com duras e belas palavras;
Nós fomos um grande Amor.


* Greice Carla da Costa Cerqueira dos Santos é graduanda do curso de Letras Vernáculas da UEFS.

quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

IDENTIDADE X PROCESSO DE COLONIZAÇÃO

Por Pâmella Araujo da Silva Cintra*


Durante o período conhecido como Romantismo, movimento que significou também uma busca da auto-afirmação da questão identitária dos países e não só, como se pensa, o individualismo, podemos perceber que esse período literário é marcado pela forte ideia de expressão do nacionalismo e na preocupação em instituir uma consciência nacional; estabelecer uma tradição literária calcada na origem da história de cada país como forma de criar uma identidade.

Entretanto, na América Latina, e em particular e principalmente no Brasil, os desdobramentos na criação de sua própria identidade se tornaram paradoxais e difíceis pelo fato dos países da América terem sido colônias dos países europeus. Contudo, isso significa que a América possui um atraso “intelectual” frente à Europa, por ter estabelecido literatura tardiamente. No caso do Brasil é ainda mais complicado, uma vez que ele, mesmo depois de ter conseguido sua independência, manteve com a metrópole colonizadora uma relação de cordialidade e até de submissão, o que explica um pouco esse complexo de inferioridade existente em nós brasileiros.

Vale ressaltar que, mesmo independentes, continuamos dependentes de Portugal após o período de colonização. E mais, a colonização de Portugal se diferenciou da espanhola, sofrida nos demais países latinos, por conta do apagamento cultural e imposição da cultura do país colonizador. Esse processo foi tão eficaz que resultou no fato de países como o Brasil não ter “memória” preexistente ao período de colonização. Isso dificulta, e muito, que países como o Brasil consigam constituir uma identidade, já que sabemos que não somos europeus, nem índios. O que somos, então? É esse o dilema em que se encontram os intelectuais, já que não temos resposta. Ou seja, o Brasil não possui uma identidade “acabada”, ainda nos encontramos em processo de formação.

Uma dificuldade sentida pelos nossos poetas e intelectuais durante o Romantismo foi justamente essa falta da história do nosso país. Eles, ao contrário dos escritores europeus, não tinham uma história, uma pátria. Por isso, encontraram-se na missão de criar a nossa pátria, ao mesmo tempo em que criavam uma literatura de cunho nacionalista sobre a mesma. De fato, os europeus não tiveram dificuldade quanto a isso porque já tinham uma tradição, uma história, uma origem a ser narrada.

Outro fato curioso é que tudo que é feito por nós, latinos, é sob e para o olhar da Europa, o que alimenta ainda mais a questão de nos sentirmos inferiores, já que o que verdadeiramente pretendemos com nossa literatura é que ela seja bem vista aos olhos dos outros; dos europeus. Vivemos então essa crise, o EU e o OUTRO. A literatura brasileira sofreu e ainda sofre muito com isso, no sentido de que, na tentativa de sustentarmos a criação de uma possível identidade, rejeitamos as influências daqueles que foram nossos opressores, os portugueses. Aí está o paradoxo: como negar a influência de Portugal para o Brasil se essa é uma parte de nós, da nossa quem sabe “legítima constituição”?

Não obstante, nós americanos nos enxergamos como bárbaros, e enxergamos a Europa como a civilizada. O Brasil rejeitou os modelos literários portugueses, mas adotou, por exemplo, o modelo de romantismo dos franceses. E, considera a França como o berço da civilização. Só nos enxergamos como donos de um país de natureza extravagante e exuberante porque o OUTRO nos enxerga assim. Afinal, até a visão que se tem do Brasil não é nossa, e sim do outro. E mais, somos vistos apenas como paraíso pela nossa bela fauna, flora, natureza em geral. Mas, quando falamos em civilização, cultura produção literária, somos rebaixados. Somos selvagens aos olhos do OUTRO e “incapazes” de exercer qualquer tipo de intelectualidade.

Assim, é de se imaginar que os nossos escritores, preocupados em criar uma pátria, pouco se importaram na elaboração de uma estética, e mais com os conteúdos tratados. Para Antônio Candido, a literatura brasileira é uma ramificação da literatura portuguesa. É vista como filha da portuguesa, e que por ser “nova”, deve atingir a “maturidade” da “velha”. Contudo, o que se pode observar é que a ideia de nacionalismo e de identidade brasileira não é algo fácil, e não podemos dizer que está acabada. Encontra-se em formação e em crise por conta de tantos paradoxos.


* Pâmella Araujo da Silva Cintra é graduanda do 5º semestre do curso de Letras Vernáculas da UEFS.

segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

GOLPE FATAL

Por Greice Carla da Costa Cerqueira dos Santos*


Amei demais...
Não me contive.
Foi tão intenso...
Mas só lamento.
E foi assim que acordei;
Acordei de um sonho,
Afora fui...
Distante então, da própria sorte ou dissabor
Entre o encanto e o desafeto,
Cujas lembranças ainda enxergo,
Eram turvas, mas enxerguei.
Vindo em minha direção,
Inclinei-me a receber;
Receber o golpe do qual fui vítima.


* Greice Carla da Costa Cerqueira dos Santos é graduanda do curso de Letras Vernáculas da UEFS.

sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

CULPA PERTINENTE

Por Greice Carla da Costa Cerqueira dos Santos*


Envelhecer não é problema,
Problema é envelhecer na mesma cena;
Situação que me inquieta e me condena,
Algo tão sorrateiro, mas se resume em dilema.

Envelhecer não é o caso,
Problema é envelhecer sendo massacrado;
Viver o preconceito, o medo e o pecado
Em um mundo tenebroso e disfarçado.

Envelhecer não me preocupa,
Porém meu ego não me escuta;
Vivo temeroso, ostentando outra conduta;
Procuro na verdade livrar-me dessa culpa.


* Greice Carla da Costa Cerqueira dos Santos é graduanda do curso de Letras Vernáculas da UEFS.

segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

QUANDO O IMPORTANTE É PARTICIPAR

Por Danilo Cerqueira Almeida*


Quando o importante é participar, os vitoriosos são todos.
Quando o importante é participar, não há prêmio individual, há bem-estar coletivo.
Quando o importante é participar, o mérito é compartilhador.
Quando o importante é participar, quem participa não deve perder tempo com autoglórias. Por isso, vai ganhar a secreta lembrança para a posteridade eterna.
Quando o importante é participar, ele(s) e ela(s) são apenas nós; você(tu) e eu também.
Quando o importante é participar, ganhar não é conseguir com o próprio esforço. É receber a graça do grupo.
Quando o importante é participar, participe, seja partícipe, seja você um entre poucos, seja você um entre muitos, seja você um entre todos: seja um todo!

Quando o importante é participar, sejamos sinceros: você não consegue, eu também não. Conseguimos juntos e juntos a tantos outros.
Quando o importante é participar, quem organiza também age, quem participa também pensa, quem vê também pode sentir, todos vivenciam.
Quando o importante é participar, somos a parte de uma realidade que se constrói.


* Danilo Cerqueira é licenciado em Letras Vernáculas, especialista em Estudos Literários, mestre em Estudos Literários – todas as graduações pela UEFS – e membro do conselho editorial da Graduando.

sexta-feira, 5 de dezembro de 2014

A COMÉDIA É UM GÊNERO CONSOLIDADO NO BRASIL

Por Joilma Maria de Freitas Trindade*


A comédia é o gênero com o qual o brasileiro se identifica mais. Mas, afinal, como a comédia se estabeleceu entre nós? Os Jesuítas (membro ou instituição Companhia de Jesus), com a intenção de catequizar os índios com a religião católica, trouxeram também uma cultura diferente: a literatura e o teatro. Dois séculos transcorreram entre as atividades Jesuíticas e o desenvolvimento do teatro no Brasil. Durante esse período (séculos XVII e XVIII), o país, que estava em fase de colonização, lutava pela autonomia do território colonial. Toda essa agitação refletiu no Teatro, que, apesar do sentimento nacionalista, tinha uma literatura dramática inaugural que dependia de iniciativas isoladas. Assim, a partir da Independência do Brasil, em 1822, na fase do romantismo, que rompeu com a tradição clássica, instalou-se um teatro determinado e engajado. Inicia-se a passagem a um teatro nacional.

Em 1833, o ator João Caetano formou uma companhia brasileira. A história da dramaturgia nacional está diretamente ligada ao ator por dois episódios marcantes: a estreia, em março de 1838, da peça Antonio José ou O Poeta e a Inquisição, de autoria de Gonçalves Magalhães, no Teatro Constitucional Fluminense. É a primeira e única tragédia escrita por um brasileiro que tratava de assunto nacional. Foi o primeiro passo para implantação de um teatro considerado brasileiro. Outras contribuições importantes figuraram nesse cenário: a de Arthur Azevedo, Gonçalves Magalhães, o escritor Machado de Assis e José Alencar. Além desses, ressalta-se a participação pioneira de Martins Pena, com suas comédias de costumes.

Ao longo do processo histórico-social brasileiro, as manifestações artísticas e culturais tiveram um papel singular na consolidação da identidade nacional. No teatro, por exemplo, fixaram-se como uma nova leitura do que fora feito até então. Assim, em outubro de 1838, foi apresentada pela primeira vez a comédia O Juiz de Paz na Roça, de Martins Pena, no mesmo teatro do começo de João Caetano. A peça foi o primórdio para a afirmação da comédia de costumes como o gênero preferido do público. As peças, por estarem incorporadas ao Romantismo, eram bem aceitas pelo povo, cansado do formalismo anterior, isto é, do teatro proveniente da Europa, que tinha como principal objetivo satisfazer a classe dominante brasileira, que transformava as exibições em autênticos acontecimentos sociais.

A perceptível identificação do Brasil com esse tipo de teatro deu-se pelo fato de o autor tratar de aspectos da vida social, destacar temas que envolvem as tradições e costumes populares: como as festas do Espírito Santo, festas da roça, a “malhação” do Judas, as festas de São João, as intrigas domésticas, os caçadores de dotes, os casamentos por interesse e os contrastes e diferenças entre o universo rural e o da cidade. Os personagens criados por Martins Pena descrevem com fidelidade o Brasil da época: funcionários públicos, meirinhos, juízes, malandros, matutos, estrangeiros, falsos eruditos, profissionais da intriga social.

A comédia de costumes, ou seja, a encenação que por meio do humor e da sátira procura revelar os costumes e condutas da sociedade, revelando a desorganização, a corrupção, a exploração, os comerciantes fraudadores, os interesses pessoais em detrimento dos coletivos, é que denuncia os desvios de caráter e os vícios que estão camuflados na personalidade humana.

O nosso herói cômico vem da plebe do campo. Faz o povo rir de si mesmo. Demonstra compreensão, superando suas dificuldades com festas, piadas e brincadeiras. Embora faça as pessoas rirem, a função da comédia não se limita só a isso, mas, particularmente, à superação de algo. Não há elevação de status, este permanece o mesmo. O homem do campo representa nossa identidade. Por causa de nossa vocação, o nosso teatro desenvolveu mais a veia cômica do que a dramática.

No estrado do teatro de comédia, procurávamos nos achar, nos entender. Não havia uma crítica expressa, visto que a consciência do povo estava começando a se formar. Aos poucos, a peça cômica começa a ganhar um tom de denúncia, provoca reflexão, suscita o questionamento e através do humor irônico, denuncia uma falta na sociedade, isto é, cutuca as relações de poder com ironia, sai em defesa das questões coletivas. Desenvolvemos, então, a característica cômica para buscarmos nossa identidade.

O cômico revela nosso ideal como povo. Quando representamos, deixamos de ser colonizados para sermos outras pessoas. O desejo se materializa por meio das atuações. Cria-se, no palco, a sociedade com a identificação que se quer afirmar. No tablado, o homem comum protagoniza as mudanças que gostaria de ver transformadas em ações concretas. Ali se realiza como cidadão que tem uma carteira de identidade.

Enfim, sabemos que, embora universais, ou seja, marcados por várias culturas, ainda somos subjugados ao “ranço” da colonização portuguesa. Portugal “despiu” o índio de sua cultural original, imprimindo-lhe a sua e tornou-se nosso principal colonizador. A nossa afinidade com a comédia se dá por conta da luta para comprovar nossa identidade como povo, como nação, que quer e deseja ser reconhecida pelo que é, e não pelo que foi. Continuamos a jornada. Somos um povo indefinido. Hoje, nossa formação provém de diversas etnias. Isto posto, quem nos garante que falamos português ou que a cultura que nos caracteriza é a do nosso colonizador?

Viva a comédia, que permite que sejamos outros em nós mesmos, em busca de nossa própria marca!


* Joilma Maria de Freitas Trindade é graduanda do 5º semestre do curso de Letras Vernáculas da UEFS.

terça-feira, 2 de dezembro de 2014

LINGUÍSTICA HISTÓRICA: AS MUDANÇAS OCORRIDAS NA LÍNGUA AO LONGO DO TEMPO

Por Pâmella Araujo da Silva Cintra*


A língua é um complexo sistema em transformação, por isso, linguistas tentam compreender essas mudanças ao longo do tempo. A Linguística Histórica é a disciplina científica que se preocupa em interpretar as mudanças fônicas, mórficas, sintáticas e semântico-lexicais das línguas utilizadas por seus falantes ao longo do tempo histórico. Para isso, ela depende, diretamente, da filologia, ciência do texto, que fornece os dados.

Podemos perceber, ao comparar, por exemplo, a escrita dos poemas da época do português arcaico (séc. XIII) com a escrita do português moderno, que a língua passou por muitas mudanças, a exemplo, itens lexicais ou gramaticais como em “non ei ren do que desejo”, o substantivo ren desapareceu do uso corrente. Veja: “Calho nego pola ver”, o mesmo aconteceu com a conjunção ca. É possível também notar na comparação, que, no português antigo, os substantivos terminados em –or eram de dois gêneros, como no exemplo: “Ca mia senhor quiso Deus fazer tal”.

Na Linguística Sincrônica, são analisadas as características da língua, considerando-as estáveis, ou seja, imutáveis. Dentro de um espaço de tempo aparentemente fixo e, muitas vezes, curto. É nesse intervalo de tempo que se procuram detectar as características linguísticas de maior relevância daquele período escolhido. A partir daí, o confronto das diferentes sincronias de diferentes períodos configura-se no que chamamos de estudo diacrônico, cujo centro das atenções são as mudanças ocorridas na língua ao longo do tempo.

A Linguística Histórica possui uma vertente conhecida como Linguística Histórica Lato Sensu. Caracteriza-se por ser todo tipo de linguística que trabalha com corpora datados e localizados, ou seja, com dados que possam ser comprovados por meio da data (tempo) e do local (espaço). Portanto, não estuda a mudança linguística. A dialetologia é um exemplo de estudo que se baseia em documentação datada e localizada, podendo-se, então, incluí-la na chamada Linguística Histórica Lato Sensu, tal como, a Sociolinguística Laboviana.

A outra vertente da Linguística Histórica é a Linguística Histórica Stricto Sensu ou Tradicional. A ela interessa as mudanças ocorridas, o que muda e como ocorre a mudança na língua ao longo do tempo. Aqui sim, há a preocupação com o estudo da mudança linguística. Contudo, sabe-se ainda que há duas orientações para se trabalhar com a Linguística Histórica Stricto Sensu, são elas: Linguística Histórica Sócio-Histórica ou Linguística Histórica Social e Linguística Histórica Associal ou Linguística Diacrônica. A primeira, considera os fatores extralinguísticos e sociais (LÍNGUA-E), como é o caso da teoria laboviana da variação e mudança, que leva em conta o grau de escolaridade dos falantes, faixa etária, os diferentes contextos sociais e demais fatores. Já a segunda, considera apenas os fatores intralinguísticos, como é o caso dos estruturalismos diacrônicos. Em suma, a língua interna (LÍNGUA-I).

A Diacronia Sincrônica é mais uma forma de abordagem que se preocupa com as mudanças da língua, mas essa se diferencia por englobar, ao mesmo tempo, diacronia e sincronia. Entretanto, trata-se de fazer diacronia com uma mesma sincronia através do confronto de diferentes faixas etárias, em tempo aparente, e não de diferentes períodos. Ou seja, é observada a mudança de um mesmo fenômeno linguístico em um mesmo espaço de tempo, levando-se em conta apenas as diferentes faixas etárias envolvidas.

Outra maneira de se fazer um estudo diacrônico é através da Diacronia Tradicional, que, em parte, se assemelha muito ao conceito de Linguística Histórica, tendo como objetivo interpretar as mudanças ocorridas na língua ao longo do tempo. Esse estudo é feito por meio do estruturalismo e do gerativismo diacrônico, considerando a língua interna (LÍNGUA-I) e o confronto de sincronias.

Para os linguistas, o estudo histórico da língua é entendido de diferentes formas, com isso, foram desenvolvidas três vias de estudo: voltar ao passado e nele se concentrar, voltar ao passado para iluminar o presente, estudar o presente para iluminar o passado. Esta última é a via assumida pela diacronia sincrônica e que está também para a Linguística Histórica Lato Sensu, é o caso da Sociolinguística Laboviana.

Fica claro que muitas são as orientações teóricas pelas quais podemos direcionar nossos estudos quanto às mudanças ocorridas na língua. Mas é preciso deixar claro que todas aqui apresentadas muito contribuíram e ainda contribuem para o entendimento das mudanças ocorridas desde o português arcaico até o moderno, as distintas três vias pelas quais podemos optar buscar entender essas mudanças. Assim, a linguística Histórica é uma disciplina científica, cujo objeto de estudo é tão complexo e rico, que muitas são as teorias criadas.


* Pâmella Araujo da Silva Cintra é graduanda do 5º semestre do curso de Letras Vernáculas da UEFS.

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