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quinta-feira, 17 de dezembro de 2015

A UM COMENTÁRIO ANÔNIMO 2

O seguinte comentário foi feito neste blog, na postagem “SOBRE UM CAPÍTULO DE ‘AULA DE PORTUGUÊS’”, texto cuja autoria é de um dos membros do conselho editorial da Graduando:


“Esse pessoal num larga o osso! A revista nasceu para ser veículo de promoção das atividades e das produções discentes da graduação, mas infelizmente essa galera até hoje não permite que os graduandos, como possam, desenvolvam-se no espaço da revista como esses que estão aí nos textos e nas fotos se desenvolveram... Lamentável!”


Depois de ler e discutir sobre esse comentário as ideias de seu conteúdo numa reunião do periódico, optamos por publicar um texto representativo da posição desta publicação acadêmica da Graduação em Letras da UEFS.

O texto do Anônimo registra que “esse pessoal num larga o osso!” Provavelmente o Anônimo dirige-se para o autor do texto, membro do conselho editorial, e demais licenciados em Letras Vernáculas, membros do conselho editorial e alguns colaboradores, pessoas graduadas em Letras pela UEFS e, agora, sem vínculo institucional com a graduação em Letras, motivo pelo qual provavelmente é utilizado pelo Anônimo a expressão “não larga o osso!”.

O Anônimo também escreveu, com expressiva convicção, que a revista nasceu para uma finalidade que não seria a que está realizando. Considerando o que entendemos sobre o que registrou no blog, propomos que seja necessário ao Anônimo e a todos os interessados em utilizar veículos públicos para emitir opiniões sobre a revista:

* Comparecer às reuniões do periódico – lá é possível conhecer, em fato, o que pensamos e fazemos pelo curso e para o curso, o quanto procuramos colaborar, na qualidade de revista, para a melhoria dos conhecimentos de leitura e escrita relacionados ao curso de Letras da UEFS, e, principalmente, para melhor ciência de realidade do graduando em Letras em relação ao conhecimento do próprio curso e das implicações relativas à própria prática acadêmica e profissional;

* Ler os editoriais das edições lançadas pelo periódico – neles, o conselho editorial apresenta, entre outras questões, sua visão a respeito de como tal contribuição acadêmica discente pode ser mais efetiva e incentivadora para o leitor do periódico, seja ele quem for, valorizando a área de estudo contemplada pela Graduando, os públicos incluídos na preparação, os espaços que colaboram para que pessoas e seus os textos se materializem em artigos e resenhas, reunidos e organizados em torno da publicação de uma instituição de ensino superior;

* Visitar o blog e o site da Graduando e acompanhar as atividades registradas ao longo dos 5 (cinco) anos de ações da revista – uma série de atividades de apoio e valorização definem a evidente postura colaborativa da revista para com o graduando em Letras da UEFS, consequentemente com o perfil profissional destas licenciaturas: 1) espaço para publicação de artigos e resenhas, com ou sem orientação; 2) possibilidade de participação em reuniões, além de colaboração e coordenação direta das atividades do periódico; 3) envio exclusivo de propostas de imagens para a capa do periódico desde a segunda edição; 4) espaço disponível para publicações não acadêmicas em um blog, como exercício de escrita e incentivo à leitura, espaço por meio do qual o graduando lê e relê o curso, pelo que é produzido, em muitos casos, por ele próprio (embora a publicação dependa de consenso do conselho editorial, nunca houve censura à publicação de qualquer texto);

* Conversar com pelo menos duas pessoas ligadas diretamente às atividades internas do periódico em seus 5 (cinco) anos de atuação, ou seja, membros e/ou ex-membros do conselho e colaboradores de quaisquer das edições, ou mesmo pessoas que participaram de qualquer reunião do periódico;

Julgamos que o comentário apresenta argumentações que não condizem com o que é proposto, discutido nas reuniões e realizado em nome da revista Graduando no curso de Letras da UEFS. Episódios em que membros da revista, como escreve o Anônimo, não permitem “que os graduandos, como possam, desenvolvam-se no espaço da revista como esses que estão aí nos textos e nas fotos se desenvolveram” são argumentativamente descreditados em nossas reuniões, nos momentos em que se discute as implicações de qualquer ação que represente a postura da Graduando. Se quaisquer de nossos membros e colaboradores comporta-se de maneira a restringir, intimidar ou censurar a participação de graduandos em Letras (ou mesmo de outros cursos), tal atitude não é defensável nem apoiada pelo Conselho Editorial do periódico (com participação efetiva da equipe de colaboradores), conselho caracterizado, como já citamos em um de nossos editoriais (6ª/7ª ed.), segundo a ABNT, como “[...] grupo de pessoas encarregadas de elaborar as diretrizes, estabelecendo o perfil político-filosófico-editorial de uma editora [ou publicação].” Nós, responsáveis pela elaboração deste texto, sabemos que a participação do graduando em Letras na vida social, cultural e acadêmica de nossa região ainda é insuficiente, em parte por conta da falta de projetos incitativos como este periódico, realizado de maneira voluntária e sem fins lucrativos, mas reconhecendo seu papel no cenário das exigências de nosso tempo. A Graduando atua, em suma, como julgamos demonstrar com nossas ações, com a coerência em valorizar o graduando em Letras e sua formação profissional, mas não exclui participação indireta na construção ética, social e política, na medida em que lhe cabe e como pode..
Nesse sentido, lamentamos e agradecemos a oportunidade em responder a tal comentário. Explicamos as duas posturas. Lamentamos pela ainda existência de opiniões que parecem atribuir ao periódico o julgamento sem um diálogo formal e contextualizado sobre prováveis motivações e esclarecimentos. Agradecemos porque, mesmo demandando tempo para a elaboração, apresentação, discussão, revisão e publicação deste texto, o mesmo também proporciona mais um ato de reafirmação do compromisso da revista com a sua área primeira e com o seu público-alvo, embora contemple graduandos em Letras de outras instituições a partir da 10ª edição: o estudante de Letras da UEFS.

Percebemos os erros cometidos enquanto grupo, segundo a citação que inicia a postura da revista no texto publicado sobre outro comentário em 2011, presente, inclusive, no perfil da rede social do autor do texto comentado em 2015:

“O pensador vê em seus próprios atos pesquisas e perguntas para obter esclarecimentos sobre alguma coisa: o sucesso ou o fracasso são para ele, antes de tudo, respostas.” Nietzsche, A Gaia Ciência.


Atenciosamente
Conselho Editorial
Equipe Graduando

terça-feira, 15 de dezembro de 2015

VIOLÊNCIA NO AMBIENTE ESCOLAR

Por Ilana Benne Falcão Maia*


“Uma Cultura de Paz é um conjunto de valores, atitudes, tradições, comportamentos e estilos de vida baseados: a) No respeito à vida, no fim da violência e na promoção e prática da não violência por meio da educação, do diálogo e da cooperação (...)” (Declaração da ONU sobre uma Cultura de Paz, 1999). Será que os professores estão preparados para enfrentar nas salas de aula, além de sua habitual jornada de trabalho, a violência da parte dos próprios alunos? A boa relação professor-aluno é essencial para o aprendizado e para que o ensino seja satisfatório. Segundo a declaração da ONU, a educação é um dos meios de se modificar a cultura da violência, mas, infelizmente o que presenciamos atualmente é algo bem diferente: professores sendo agredidos por alunos quando esses deveriam respeitá-los e professores fazendo o mesmo quando o aluno deve ser acolhido. A violência vai desde ofensas verbais a agressões físicas, rebeldia, chegando a extremos como ameaças, alunos que portam facas e armas de vários tipos dentro das escolas. Isto afeta não só a instituição em si, mas também a sociedade como um todo, sendo as principais vítimas os próprios. Logo, a aprendizagem escolar fica prejudicada. O objetivo principal deste texto é refletir sobre a violência no ambiente escolar e porque ela acontece, o que desencadeia tais comportamentos.

Entendemos por violência a ação de intimidar, causar dano físico ou moral a outra pessoa. Tais agressões podem causar danos a curto ou longo prazo. No caso da violência escolar, as ações podem prejudicar não só a vida social como a aprendizagem do aluno, a qualidade de trabalho do professor e todo o sistema escolar.

A atual situação da educação no Brasil é de descaso, tanto na qualidade do ensino quanto nas condições de trabalho de professores e funcionários. O quadro de violência contra professores e alunos vem aumentando a todo o momento. É como se alunos e professores “não falassem a mesma língua”. De onde surge tanta intolerância? Faltam políticas públicas para resolver esta situação tão alarmante. O levantamento de respostas da Prova Brasil mostra que, em 2007, cerca de 2,3% (6.677) dos professores afirmaram terem sofrido agressões de alunos. Em 2011 os números continuaram similares. Para a pesquisadora Mirian Abramovay, da UNESCO, todo esse quadro é reflexo do descaso na educação. Para ela, a “estrutura da escola remonta ao século XIX, professores dão aulas como no século XX e alunos vivem conectados ao século XXI”, há então um descompasso. Ainda segundo a pesquisadora, a violência não é consequência do ambiente em que a escola se encontra. Tanto escolas públicas quanto particulares sofrem com essa triste realidade. Jorge Wherthein, ex-presidente da UNESCO, diz que “uma nova cultura da solução não violenta dos conflitos deve começar na escola.”

Percebe-se que hoje o maior problema é o desgaste da instituição familiar, desajustes familiares, falta de planejamento, enfim, diversos fatores que contribuem para que o jovem viva em uma estrutura pouco sólida e com bons exemplos. Içami Tiba (2009) diz que a família, assim como uma equipe, deve trabalhar em conjunto, um em prol do outro. A falta de estrutura familiar é independente de classe social, mas, sobretudo, percebe-se sua ocorrência mais frequente em classes mais baixas, devido à falta de planejamento familiar.

Segundo o guia Diálogos e Mediação de Conflitos nas Escolas, escrito pelo promotor de Justiça no Estado de São Paulo: a escola é palco de uma diversidade de conflitos, sobretudo os de relacionamento, pois nela convivem pessoas de variadas idades, origens, sexos, etnias e condições socioeconômicas e culturais. Todos na escola devem estar preparados para o enfrentamento da heterogeneidade, das diferenças e das tensões próprias da convivência escolar, que muitas vezes podem gerar dissenso, desarmonia e até desordem. (2014, p. 26).

É justamente neste ambiente heterogêneo que o professor deve, portanto, fazer seu papel de mediador. Numa mesma sala de aula, podem encontrar-se um aluno que tem problemas familiares sérios de violência doméstica, uso de drogas, alcoolismo, abuso sexual, por exemplo, com uma criança ou jovem que viva num ambiente considerado “saudável” para seu desenvolvimento.

Porém, a escola sozinha não pode resolver todos os problemas. Existe todo um contexto envolvido: político, religioso, comunidade, principalmente, a família saber que a educação parte de casa. Caso a base familiar do indivíduo não seja tão sólida, a escola entra como mediadora, através de projetos para melhor lidar com aquele aluno. Com isso, percebemos que os cursos de licenciatura e pedagogia não têm preparado os professores para lidar com situações extremas na sala de aula. Existe uma lacuna muito grande entre a teoria e a prática, o que dificulta a aprendizagem em situações extremas, como a violência física por exemplo. Uma professora pode dominar perfeitamente a teoria, foram anos de estudo para isso, porém, ela não está preparada para reagir adequadamente caso seja agredida por um aluno.

A desvalorização do professor, hoje em dia, é tanta que a violência contra ele chega a ser banalizada. Existem dois lados a serem observados: a família como estrutura e base para a criança, para formação do seu caráter, e a escola que deve estar preparada para tais situações, priorizando o ensino e a formação do cidadão. Esta, também, deve visar o bem estar do aluno para que sua permanência na escola seja sadia e não traumática. Essa realidade não existe somente nas escolas públicas. Apesar do pouco investimento em educação, das más condições com que muitos professores dão aula, e de toda a precarização em que o sistema de educação pública se encontra, nas escolas privadas também acontecem casos de violência entre professores, alunos e funcionários. É então que surge o questionamento de se o meio é que realmente influencia para a violência. O medo, a falta de experiência de muitos profissionais, traumas por já terem presenciado episódios de violência, preconceito contra alunos de classes mais baixas, falta de preparo dos cursos de formação de professores, enfim, diversos fatores que só dificultam o processo ensino-aprendizagem, visto que este está abalado pelos constantes episódios de violência no âmbito escolar.

Vê-se cada vez mais ser atribuído à escola o papel de educar. Transfere-se para a instituição “escola” a responsabilidade que antes era dos pais, ou deveria ser. A imagem dos pais presentes na vida do filho tem função emocional. A família é formadora do caráter que aquele indivíduo irá possuir. É difícil para a escola, abrigando tantas realidades diferentes, dê conta da educação no sentido de estrutura emocional, de formação de caráter, de todos seus alunos. O que se observa é esta transferência da responsabilidade de educar dos pais para a escola. Isso gera uma desestrutura na formação da criança que poderá se tornar um jovem sem bons exemplos, sem base, e isto pode então culminar em comportamentos violentos no ambiente em que ele passa a maior parte do seu tempo, a escola.

Ainda que um dos fatores da disseminação da violência escolar seja a falta de estrutura familiar adequada, a forma com que professores e alunos lidam entre si também interfere neste processo. Segundo Abramovay (2002, p.29), “um outro fenômeno associado a situações de violência é a disponibilidade de armas de fogo e as mudanças que isso impõe às comunicações conflituosas, contribuindo para o aumento do caráter dos conflitos nas escolas.”

A educação é fenômeno de interação entre escola, família, comunidade, governo, todos que direta ou indiretamente contribuem para que a educação funcione. O professor dentro dessa teia de responsabilidades tem obrigação de acolher e expandir os horizontes do aluno, mostrando-lhe caminhos para aprender, praticando também o afeto, amparando-o. Mas, sozinho é quase impossível. Necessário se faz que a escola desenvolva projetos com a participação de todos para diminuir esse grave problema.


Ilana Benne Falcão Maia é graduanda em Letras Vernáculas da UEFS.

domingo, 6 de dezembro de 2015

HOJE

Por Tatiana F. Assis*


Hoje sinto
Vontade do que não tive
Saudade do que não fiz
Hoje quero
O que antes não quis
O que um dia previ
Hoje penso
O que é impensável
E não me atormento

Hoje sigo
Com os passos do vento
Na estrada do pensamento
Os caminhos do coração

Hoje sou
Refém da liberdade
Metamorfose da realidade
Palavras da canção


* Tatiana F. Assis é natural de Feira de Santana, BA (1981). Graduada em letras Vernáculas pela UEFS (2009), participou do Jornal Artifício do D.A. de Letras (2009), e do Concurso Feirense de Poesia Godofredo Filho, tendo esta poesia premiada e publicada no livro Antologia (2009).

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