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terça-feira, 26 de dezembro de 2017

O QUE A 'GRADUANDO' TEM A VER COM UMA GRADUANDA EM LETRAS DA UEFS?

Por Josenilce Barreto*


Depois de um bom tempo, resolvi escrever este texto para falar a vocês um pouco da minha experiência enquanto membro do Conselho Editorial e revisora da Graduando, revista da Graduação em Letras da UEFS. A minha motivação, nestas linhas, pauta-se não somente no fato de o nosso periódico discente ter completado, em 2017, aniversário de 7 anos, número simbólico, mas principalmente pela contribuição significativa que a Graduando tem prestado, inicialmente, aos cursos de Letras da UEFS e, agora, aos cursos de Letras do Brasil, já que temos visto e lido, nas últimas edições lançadas, inúmeros trabalhos de discentes de variadas universidades brasileiras.

Somente isso já é motivo de comemoração para nós. Contudo, inicio as próximas linhas com um relato de minha experiência desde o meu ingresso até o momento atual de minha participação e contribuição no processo de feitura e manutenção da nossa Graduando.

Era final de novembro de 2010, vésperas do lançamento da primeira edição da Revista Graduando, o qual aconteceria em 02 de dezembro daquele ano, período em que fui convidada por um dos fundadores do periódico para prestigiar o lançamento e, depois, começar a participar das reuniões, enquanto simples curiosa. Contudo, na época, eu estava com outros projetos em mente e, por conta disso, não dei muita atenção nem ao lançamento e nem ao convite de participação.

Passaram-se os lançamentos da primeira e da segunda edição da revista e, novamente, o mesmo criador e conselheiro do periódico me convidou para participar das reuniões, o que foi, para mim, uma grata surpresa. Aceitei o convite e, por curiosidade e sem compromisso assumido, resolvi ir à uma das ditas reuniões que acontecia aos sábados, na Biblioteca Municipal Arnold Silva, em Feira de Santana.

Ao final daquela reunião, entendi melhor a articulação e o funcionamento interno da revista e, em seguida, ainda me mandaram, via e-mail, alguns documentos sobre o projeto do periódico. Resultado: apaixonei-me pela proposta e pela “revolução” que aquilo proporcionaria, de fato, aos cursos de Letras da UEFS.

Após ler cautelosamente cada linha do projeto, constatei que provavelmente valeria à pena investir o meu tempo e energia naquilo, que me soava como uma proposta ousada e que já estava dando certo, posto que duas edições já tinham sido lançadas. Então continuei participando das reuniões, dando pitacos em tudo e, ao final, estávamos construindo diálogos, cujo objetivo era melhorar e ampliar a participação dos graduandos na terceira edição, que estava prestes a ser lançada. Nesse ínterim, lá estava eu toda envolvida, motivada e aprendendo com a revista coisas que nem as disciplinas da minha graduação, principalmente a de metodologia do trabalho científico, estavam me ensinando: como fazer/produzir um artigo, resenha, como fazer uma boa revisão, questões de normatização, leitura e discussão de ABNT, como funciona um periódico, o que cada revisor deve fazer etc. etc. Vi, de fato, uma oportunidade de aprender na Graduando coisas que eu não vi em muitas disciplinas da Graduação, o que de um lado me entristece e de outro me deixa feliz porque alguém (a Graduando) não me permitiu sair da graduação sem saber essas coisas!

Veio o lançamento da terceira edição, em 31 de maio de 2012, momento em que me senti extremamente feliz, porque eu estava colhendo os frutos de uma edição que eu ajudei a fazer, comemorada com o evento Os traços e trilhas da pesquisa em Letras que nós organizamos, no qual tivemos um público bem maior do que nas duas edições anteriores (o que pode ser verificado a partir das fotografias publicadas no site da revista, na página intitulada memória). A partir desta edição, fui integrada como parte do Conselho Editorial da revista e desde então continuo nesta função e na de revisora final, o que para mim é uma imensa responsabilidade.

Talvez muitos nem saibam o quanto a gente trabalha para manter e lançar regularmente um número da revista, mas, com certeza, todos devem saber que somos uma das poucas revistas discentes existentes no Nordeste e no Brasil, o que já é uma grande conquista. Entretanto, ao ler este textinho até aqui, vocês devem se questionar o por quê estou lhes contando essas coisas? A resposta é um tanto óbvia: porque a Graduando fez parte de minha formação acadêmica e profissional, assim como também o fez da de muitas outras pessoas que passam e já passaram pela UEFS, muitas delas já professores ativos.

Logo, falar da Graduando em um contexto em que muitos já a conhecem pode até parecer redundante ou desnecessário, mas não é! Quantas pessoas vocês conhecem que já publicaram ou colaboraram, nem que seja mandando uma fotografia para concorrer à capa da revista? Quantas revistas discentes vocês conhecem que, em 7 anos, já tem 11 edições, 10 lançadas e uma saindo por esses dias? Quantas revistas discentes vocês conhecem que começou a ser feita por graduandos e que ainda continua sendo, já que o graduando envia trabalho, publica, manda fotografia para a capa da respectiva edição, vota, escreve para o blog etc. etc.?

Pensando em tantas questões, decidi escrever este texto justamente para falar que uma dessas pessoas que começou como graduanda na revista fui eu e que, com o conhecimento adquirido a partir dela, muitas outras coisas aconteceram. Ao longo desses 7 anos (2010 a 2017), a Graduando já contribuiu para a formação de centenas de estudantes de Letras da UEFS e, da 10ª edição para cá, de estudantes de Letras de todo o Brasil, o que é, sem sombra de dúvidas, bastante significativo, haja vista que estamos em um contexto em que os graduandos já escrevem e leem bem mais esta revista do que no início dela!

Durante esses anos, muitos graduandos já se formaram, alguns deles já são especialistas e mestres, e outros no doutorado, como é o caso de alguns articulistas das primeiras edições, de alguns revisores e até da conselheira que vos escreve. Sendo assim, ver graduandos que passaram, enquanto leitores, articulistas, revisores e até conselheiros terem se tornado professores mais qualificados nos dá mais fôlego, e esperança aos que ainda vão ingressar nos cursos de Letras. Assim, quando presenciamos colaboradoras, como é o caso recente de Jéssica Mina e de Vanessa Pereira, serem aprovadas em cursos de mestrado, sentimos alegria e motivação para continuarmos contribuindo com a formação dos graduandos em Letras.

Como o próprio título deste texto diz: o que a Graduando tem a ver com uma graduanda em Letras? Muita coisa, não?! É preciso exercitar a escrita acadêmica e essa revista possibilita, entre outras coisas, isso aos graduandos em Letras, quando publica e divulga os seus textos nacional e internacionalmente.

E no caso da autora deste texto, é salutar, mais do que falar, agradecer a oportunidade que lhe foi dada pela Graduando, que me viu enquanto graduanda em Letras, depois especialista, mestra, professora substituta da UEFS, doutoranda em uma das melhores universidades brasileiras e professora da terceira melhor universidade baiana, segundo última avaliação da CAPES e do MEC. Mais do que agradecer, é preciso reconhecer a importância dos conhecimentos que me foram oportunizados dentro da revista, enquanto conselheira editorial e revisora de trabalhos.

Logo, no mínimo, o que se espera é que, assim como eu, outros graduandos também tenham a oportunidade de participar desta ou de outras revistas, de instituições administrativas como, por exemplo, o diretório acadêmico dos estudantes, de bolsas de pesquisa, de extensão ou de tecnologia etc., cujo interesse central do estudante de Letras seja o de aprender e amadurecer acadêmica e profissionalmente, e que esses aprendizados o levem a caminhos muito mais amplos do que os meus.

É com este desejo que quero encerrar 2017 e este texto: mais oportunidade aos estudantes de Letras! Dito isto, deve ter ficado claro o que a Graduando tem a ver com os estudantes de Letras, não é mesmo?


* Josenilce Barreto é graduada em Letras Vernáculas e mestra em Estudos Linguísticos pela Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS). É professora da Universidade Federal do Oeste da Bahia (UFOB) e também integra o conselho editorial da Graduando.

terça-feira, 19 de dezembro de 2017

EDITORIAL DA 11ª EDIÇÃO

Por Conselho Editorial*


Chegamos a mais uma edição da Graduando: entre o ser e o saber. É o momento de sentir a satisfação por mais um trabalho cumprido, na passagem de um ano de atividades planejadas, vivenciadas e comemoradas ainda mais agora, quando podemos perceber que o processo de leituras e releituras proporcionou um material que carrega, entre tantas ideias e motivações, a memória, a disposição, a solidariedade, a representatividade e o reconhecimento a todas e a todos os responsáveis por esta publicação periódica do curso de Letras da UEFS.

A história da revista pode ser contada pelas pessoas que fazem ou fizeram parte dos conselhos, comissão, equipes e colaboradores do periódico. Seu cotidiano de atividades, seus relacionamentos com cada (futuro) autor(a) de texto, cada avaliador(a), cada revisor(a), cada interessado(a) em saber a respeito das atividades da revista em espaços de comunicação e de divulgação como o e-mail, o Facebook, o blogue e presencialmente, cara a cara... são momentos em que se oferece ao outro em nosso diálogo a mensagem que carrega o conjunto de experiências, de visão moral e de ética sobre as atividades desenvolvidas pela revista. Essas pessoas, em seu(s) momento(s) de contato com alguém que faz ou fez parte de nosso periódico, podem saber informações de seu interesse, visando algum objetivo: um trabalho publicado, um texto divulgado, um apoio em assuntos nos quais o periódico pode ajudar. Também querem encontrar, mesmo que não explicitem em seu discurso, credibilidade, uma postura minimamente aceitável em relação ao que se deseja com o pedido, informação ou relacionamento. Destacamos a credibilidade, a confiabilidade em nosso periódico. Muitos e muitas confiam e muitos creditam nosso periódico discente de Letras da UEFS.

O primeiro idealizador da revista, creditado por sua professora de Literatura em sala de aula, teve a ideia de criar o periódico e teve o crédito de outras 4 pessoas. Estes 4 graduandos em Letras, mais o idealizador, organizaram o periódico e comunicaram professores e setores da UEFS sobre a ideia. Os 5 graduandos tiveram a confiança de todos os setores visitados para o apoio ao então novo projeto: uma revista acadêmica da graduação em Letras da UEFS. Ao longo desses sete anos, a vida afastou alguns de nossos idealizadores, creditadores e “confiadores”. Aos que nos foram afastados pela vida, resta-nos a memória, resta-lhes a memória, provavelmente uma das motivações sociais mais devastadas da (e não pela) cultura brasileira. Sempre estamos em processo tendencioso de realizar ações sem perceber o quanto a memória sobre o contexto da situação em que estamos pode mudar a decisão a tomar. Toda vez que a Graduando lança um número, sua memória vai sendo marcada em um número exponencial de pessoas, sempre à medida em que fazem da leitura, da revista, uma atividade confiável.

Toda pessoa que organiza, escreve, lê, avalia, revisa, colabora e incentiva a revista, confia no trabalho que é feito. O tamanho de nossa confiança no(a) graduando(a) em Letras, e em todas as pessoas envolvidas com o periódico, só aumentou nesse tempo de existência: dos estudantes de 2010 para os de 2017, do curso de Letras de nossa universidade para os demais cursos de Letras do Brasil. A confiança de muitas pessoas na revista tem aumentado nosso crédito na comunidade acadêmica, no reconhecimento ao trabalho realizado, com a citação em, pelo menos, mais de 50 trabalhos acadêmicos, entre artigos, monografias, dissertações e teses, como também em materiais pedagógicos e postagens de blogue; entretanto, o percurso da leitura e das letras pode ser identificado, descoberto, mas sempre parcialmente mapeável. De nossa parte, encontrar o possível sobre a receptividade à revista Graduando: entre o ser e o saber significa exemplificar uma troca de confiança: confiamos em vocês, leitores do mundo tocado pelo periódico, e vocês confiam em nós: confia-se a quem se pede e se confia ao que pede.

Trocar confiança, dentre as atividades humanas, é um dos comportamentos motivadores das relações sociais, e dos mais exitosos nas relações acadêmicas. Explicitando que as relações acadêmicas são sociais, de trabalho, muitas vezes intensificadas ao longo da vida, nosso projeto acadêmico de periódico tem angariado muitos “confiadores”. Nós confiamos na capacidade de leitura deles; eles passam a confiar em nós pelo conhecimento de nosso trabalho e de suas necessidades, sejam estas de cunho acadêmico ou não, do que podem perceber de nossa postura a partir da perspectiva em que estão. Nosso agradecimento deve ser sempre periódico, como cada letra que pode – e deve – ser reintegrada a cada nova palavra, a qual, assim, supre a necessidade de falar de nossa própria história, emergir-nos de nossa própria memória com a atualidade e a representatividade que o tempo, do qual também fazemos parte, precisa, mas que em muitas ocasiões nos apresenta na condição de minoria, marcada por inúmeras formas de violência. Todos os que escrevem ou falam, fazem-no em última análise para deixar um pouco de si para o que pode haver de semelhante no outro, no próximo leitor/ouvinte, num diálogo que os une enquanto povo que lê, que ouve, que compartilha, a exemplo do tema que marcou a XV Semana de Letras da UEFS, no ano de 2017, realizada pelo nosso Diretório Acadêmico de Letras: “Por letras que contem nossas histórias: o movimento da língua enquanto identidade de um povo”.


* O Conselho Editorial da revista Graduando: entre o ser e o saber, é formado por Danilo Cerqueira Almeida e Josenilce Rodrigues de Oliveira Barreto.

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